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terça-feira, 25 de outubro de 2011

Deus Escreve Certo por Linhas Tortas?



Pergunta: "Algumas pessoas quando exortadas sobre procedimentos errados de evangelização ou explanação do evangelho fazendo que as pessoas que estejam ouvindo ou assistindo tenham um entendimento no minimo equivocado sobre a conversão, se defendem dizendo que "se Deus quiser aquela pessoa mesmo exposta a tais erros serão alcançadas"... Não estou questionando o poder de Deus, só quero saber biblicamente se realmente é possível a pessoa ser alcançada sem a correta explanação da palavra ou pode mesmo que esta explanação venha com alguns erros?"

Meu irmão, é o seguinte: Deus pode transformar o mal em bem, a exemplo da história de José, vendido por seus irmãos como escravo e que depois se tornou governante do Egito para "salvar" não somente seus irmãos mas toda a casa de Israel da destruição. O mesmo pode ocorrer quando muitos, mesmo evangelizados incorretamente, se arrependem e reconhecem Cristo como Senhor e Salvador das suas almas; pois o chamado do Senhor para aquela alma que se arrepende verdadeiramente persiste e é verdadeiro [creio que no futuro, Deus "consertará" os erros na vida daquela pessoa que foi evangelizada incorretamente, seja por algum erro doutrinário ou pelo emocionalismo/pragmatismo]. Mas o fato é que ninguém pode agir, ou melhor, levar uma falsa doutrina ou um método que não seja bíblico de evangelização sem estar em rebeldia e desobediência a Deus. Com isso, quero dizer que, mesmo Deus consertando as coisas, aquele que evangeliza errado, por culpa ou dolo, está em pecado, e será cobrado por isso. O fato dele não se aperceber do seu erro, e achar que está fazendo a "vontade de Deus" não o exime da culpa, de estar em rebelião, cometendo pecado. 

Alguns dirão que o importante é levar a alma perdida ao arrependimento, ao encontro com Jesus, mas, pergunto: por que é necessário usar de doutrina e método não bíblico para isso? E o número ainda maior daqueles que acreditarão estarem salvos e, na verdade, estarão se iludindo com uma salvação que não têm? O mal que a doutrina errada e o método errado de evangelização provocam é muito maior do que o suposto bem que eles trazem. O Senhor Jesus ao dizer que muitos se aproximariam dele argumentando: em teu nome fizemos isso, em teu nome fizemos aquilo, etc, se referia também a esse problema. E a resposta do Senhor é clara: apartai-vos, vós que praticais a iniquidade. Pois muitos creem servi-lo, quando não o servem; e a ignorância não é desculpa para o engano, e para enganarem também.

Paulo nos diz que muitos pregam o Evangelho dolosamente, mas importa que o Evangelho seja pregado. Deus poderá se utilizar de toda a obra humana para fazer o bem aos eleitos, mas isso não tirará a culpa nem a condenação daqueles que agiram assim contra a sua vontade. Também percebemos que Paulo não está dizendo que não importa sobre o que se pregue do evangelho, mas sim sobre que "não importa o motivo", isto é, ainda que uns preguem a sã doutrina, mas a façam pelo orgulho, Paulo diz que o importante é que o evangelho esteja sendo pregado - pois estava preso e não podia pregar.
Se tomarmos essa ideia de que Deus escreve certo por linhas tortas, o foco deixa de ser a alma evangelizada para ser a alma que evangelizou de forma errada. Deus consertou o erro salvando a pessoa mal-evangelizada, pois a salvação procede dele, mas quem agiu erradamente será cobrado, e muitos ouvirão do Senhor: apartai-vos de mim, pois não vos conheço!

Não podemos misturar as coisas, pois Deus quer primeiramente a nossa obediência, e sabemos que os frutos que produzimos somente os produzimos pelo poder de Deus. Com isso, quero dizer que uma coisa é uma coisa, e outra coisa é outra coisa. Através de uma mensagem pregada erradamente, Deus pode salvar, mas quem pregou erradamente será responsabilizado por não obedecer nem cumprir os preceitos divinos, e por levar um número muito maior de pessoas a suporem-se salvos quando estão condenados. Deus pode usar o erro para que o bem seja feito, mas o erro sempre trará consequências danosas para as almas daqueles que creem nele, e persistem nele. Por isso, somos constantemente exortados pela Escritura a não errar, e a nos afastar do erro, que nada mais é do que o pecado contra Deus.


Por último, é também necessário notarmos que Deus não fica "consertando" os erros dos homens, como se os homens fizessem coisas sem a autorização de Deus. O que ocorre é que Deus decreta o mal aos homens; em seus eleitos o mal serve para instruir e levar-os ao pleno conhecimento da verdade, e aos ímpios para levá-los à perdição.


Cristo o abençoe!

Texto por: Jorge e Filipe

domingo, 25 de setembro de 2011

Sugestões para se evitar o pecado do adultério


Sugestões para se evitar o pecado do adultério -
por Arthur Pink

1) Cultivar um senso habitual da presença divina, percebendo que "os olhos do Senhor estão em todo lugar, contemplando os maus e os bons" (Pv 15.3).

2) Manter uma estrita vigilância sobre os sentidos; pois, com muita frequência, esses são as avenidas que ao invés de permitir a entrada de correntes agradáveis para refrescar, em geral deixam entrar barro e lama para poluir a alma. Faça um pacto com seus olhos (Jó 31.1). Feche os seus ouvidos contra qualquer conversa obscena. Não leia nada que contamine. Vigie os seus pensamentos, e trabalhe prontamente para expelir os que forem perversos.

3) Pratique a sobriedade e a a temperança (1Co 9.27). Aqueles que indulgem em glutonaria e bebedice geralmente descobrem que seus excessos levam à cobiça.

4) Exercite-se numa ocupação honesta e legal; está provado que a ociosidade é tão fatal a muitos como a intemperança a outros. Evite a companhia do perverso.

5) Dedique-se muito à oração fervorosa, implorando a Deus que limpe o seu coração (Sl 119.37).

Extraído do livro "Os Dez Mandamentos - Uma Exposição Bíblica" - Publicações Monergismo -www.monergismo.com - pg. 64

domingo, 18 de setembro de 2011

Ilustrações de Jesus São Contrárias à Bíblia?

Ilustrações de Jesus São Contrárias à Bíblia? -
por Brian Schwertley

Em nossos dias é muito comum ver figuras de Cristo nas igrejas e nas casas. Imagens do Salvador são comumente encontradas em vitrais, entradas de igrejas, salas de aula de escolas cristãs, salas de visita, capas de livros, programas carismáticos de televisão, publicidades de igrejas, Bíblias de família e na parede por trás do púlpito. A grande maioria das livrarias cristãs vende uma larga variedade de figuras de Jesus. Há de tudo: do efeminado Messias do norte da Europa à grotescamente musculosa interpretação de Jesus do tipo-Hulk. Mesmo em igrejas reformadas (que devem saber melhor) ilustrações do servo sofredor são bastante comuns nos materiais da escola dominical. As representações do Filho de Deus violam as Escrituras ou essas figuras são meramente obras de arte perfeitamente aceitáveis contanto que não sejam adoradas ou usadas como um auxílio à adoração? Tenha em mente que igrejas protestantes vis que usam ilustrações de Cristo insistem que as figuras não são usadas no culto religioso de forma alguma. Elas no máximo (dizem-nos) são meramente representações artísticas usadas para propósitos educacionais.
Enquanto muitas pessoas que usam figuras de Jesus são muito sinceras e não se dobram a essas imagens, contudo o uso dessas imagens é contrário à lei e pecaminoso. Há muitas razões pelas quais o uso das figuras de Cristo é contra as Escrituras.

I) Primeiro, o uso das figuras de nosso Senhor é uma violação do segundo mandamento. Esse mandamento diz: “Não farás para ti imagem de escultura, nem semelhança alguma do que há em cima nos céus, nem embaixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não as adorarás, nem lhes darás culto; porque eu sou o Senhor teu Deus, Deus zeloso que visito a iniqüidade dos pais nos filhos até a terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem, e faço misericórdia até mil gerações daqueles que me amam e guardam os meus mandamentos” (Ex 20:4-6).

Esse mandamento proíbe uma fileira de ídolos ou imagens de Deus ou qualquer imagem de qualquer coisa criada. Ele também proíbe o uso de imagens como auxílio ao culto ou devoção. Os papistas, por exemplo, diriam que eles não adoram um crucifixo ou estátua de Cristo, mas que tais imagens são auxílios ou meios através dos quais se adora o Filho de Deus. “Os romanistas fazem imagens de Deus o Pai, pintam-no nas janelas de suas igrejas como um velho; e uma imagem de Cristo no crucifixo; e, porque isto é contra a letra deste mandamento, eles sacrilegamente apagam-no de seu catecismo, e dividem o décimo mandamento em dois”.[i]

Protestantes modernos que usam figuras de Jesus ressaltam que diferentes dos romanistas, ortodoxos orientais e anglicanos da alta igreja não se dobram diante nem adoram figuras do Senhor. Eles argumentam que suas ilustrações são puramente educacionais, ou artísticas, ou um objeto para memória histórica. Além disso, é observado que figuras de pessoas, cenas históricas, figuras famosas e animais são universalmente aceitas como permissíveis entre os protestantes contanto que não se dobre os joelhos diante dessas coisas, nem se lhes preste adoração, nem se lhes sirva. Portanto, ter uma ilustração de Jesus não é diferente de ter uma ilustração de Abraão Lincoln ou de um amigo íntimo. Embora este argumento típico faça sentido para muitas pessoas, é preciso que seja enfaticamente rejeitado pelas seguintes razões:

(1) Jesus não é como Abraão Lincoln ou qualquer outra pessoa, porque Ele é tanto Deus quanto homem em uma pessoa. Por isso, qualquer imagem de nosso Senhor seria automaticamente de natureza religiosa ou devocional. Sendo assim, isso cairia imediatamente sob o perímetro bíblico do princípio regulador do culto. Em outras palavras, uma ilustração do Salvador não pode ser considerada como um item que pertença à esfera de coisas indiferentes (adiaphora). Se os crentes devem usar figuras do Senhor, eles precisam encontrar autorização divina da palavra de Deus para seu uso.

Há autorização divina para representações pictóricas do Messias? Não, não há. Não há nenhum mandamento para que se faça figuras de nosso Senhor. De fato, tais figuras claramente violam o segundo mandamento, pois uma verdadeira figura de Jesus deveria evocar adoração no crente. Se uma representação pictórica traz pensamentos de amor, devoção, e louvor ao Filho de Deus, então obviamente ela é um auxílio ou meio de adoração mesmo que as pessoas não estejam dobrando-se diante da figura.

(2) A Palavra de Deus não dá aos crentes informação suficiente para que se faça uma representação fiel da aparência física de Cristo. Isaías nos diz que, com respeito à aparência exterior do Salvador, não há nada de beleza que seja deleitável aos olhos (ver 53:2). No livro de Apocalipse há uma descrição apocalíptica do Senhor exaltado (por exemplo: Ap 1:13-17) e o Salvador como um Cordeiro que tinha sido morto (Ap 4:6). Contudo, nenhum erudito competente consideraria essas declarações apocalípticas como descrições literais de Cristo. Elas são visões proféticas vívidas que tem a intenção de ensinar à igreja uma rica teologia concernente ao nosso Senhor e Sua obra. Os apóstolos, que passaram três anos com Jesus, que sabiam exatamente como era sua face humana, que tinham uma forte lembrança de Sua pessoa e obra, poderiam ter trabalhado com artistas para deixarem à Igreja um retrato acurado do Messias. Todavia, eles se recusaram a deixar à Igreja tal retrato. Por isso, é óbvio que Deus não sanciona retratos de Seu Filho.

II) Segundo, como nenhuma ilustração acurada de Cristo pode ser produzida por homem, todas as figuras do Salvador são representações falsas do Filho de Deus. Mas (conforme alguns podem objetar), se é permitido fazer representações de batalhas famosas e mesmo dos apóstolos, por que é errado fazer o mesmo com o Messias? Mais uma vez devemos lembrar que Jesus é totalmente único. Embora ele tenha um real corpo humano e alma (1 Jo 1:1-4), “todavia sua natureza humana subsiste em sua pessoa divina, que nenhuma figura pode representar (Sl 45:2)”.[ii]  O Filho de Deus é diferente porque Ele somente é o supremo objeto de nossa fé. Isso significa que tudo o que devemos crer acerca dEle precisa vir unicamente de revelação divina. “Tudo o que não provém de fé é pecado” (Rm 14:23). Qualquer figura do Senhor que seja baseada na imaginação do homem é culto da vontade, pois estabelece uma invenção humana no lugar ou junto com os dados bíblicos concernentes a Cristo. Quando a fé é dirigida a fantasias humanas em lugar ou junto da fé na revelação divina, a religião bíblica é degradada com humanismo.

Como é possível Jesus, que é “o caminho, a verdade e a vida” (Jo 14:6), ou o Santo Espírito, que é “o Espírito da verdade” (Jo 16:13), ser honrado ou se agradar com fantasias humanas a respeito do Filho? O fato de que nosso Senhor é Deus e homem em uma pessoa torna todas as representações humanas do Filho totalmente inapropriadas e até abomináveis. Fazer uma versão, uma falsificação ou versão falsa do Messias é ainda mais ímpio do que fazer uma versão falsa da Bíblia. Além disso, o que pensaria algum dos apóstolos sobre as muitas imagens pervertidas do Salvador que são comuns hoje (ex: o Jesus efeminado louro de olhos azuis, o Jesus “black power”, o Jesus “hippie” hollywoodiano, o Jesus do cinema evangélico, o Jesus musculoso das livrarias)? Pedro e João ficariam totalmente chocados com tal lixo irreverente, desrespeitoso, não-bíblico, humanístico, blasfemo. E mais, como os artistas não podem formar uma representação fiel da aparência física do Salvador, suas interpretações do Senhor são inevitavelmente influenciadas por sua teologia e visão de mundo. Muito das pinturas populares, gravuras e desenhos que são vistos em livros e Bíblias familiares hoje são produtos do liberalismo do século dezenove, feminismo “cristão”, arminianismo e formas pietistas de antinomismo. Esses falsos sistemas teológicos apresentam uma figura distorcida, de um lado só, de nosso Senhor. Ele geralmente é apresentado como o Jesus gentil, o manso e humilde professor que enfatizou o amor e a paternidade de Deus; que era um amigável professor de ética; que nunca se tornou irado contra pecadores ou pregou sobre o pecado, julgamento ou ira por vir. J. G. Vos escreve: “Talvez mais pessoas vivas hoje tenham derivado suas idéias do Jesus Cristo dessas figuras tipicamente “liberais” do que derivado suas idéias do Jesus da própria Bíblia. Tais pessoas inevitavelmente pensam mais de Jesus como uma pessoa humana, do que pensam dEle de acordo com o ensino bíblico como uma pessoa divina com uma natureza humana. O efeito inevitável da aceitação popular de figuras de Jesus é superenfatizar sua humanidade e esquecer ou negligenciar sua deidade (o que, é evidente, nenhuma figura pode retratar)”.[iii]

Da mesma forma, figuras de nosso Senhor perpetuam a falsa doutrina pré-milenista de que o Messias não está presentemente reinando como Rei à direita de Deus. Muitos evangélicos crêem que o Senhor não governa realmente sobre a terra até a segunda vinda. Teologicamente, eles vêem Jesus da mesma maneira como Ele era em seu estado de humilhação. O apóstolo Paulo rejeita tal pensamento. Ele diz: “...se antes conhecemos Cristo segundo a carne, já agora não o conhecemos deste modo” (2 Co 5:16). Nós vivemos na era pós-ressurreição. O Messias não é mais o servo sofredor manso e submisso. Agora Ele é o cavaleiro montado no cavalo branco, o rei vitorioso, que está glorificado, que tem todo o poder no céu e na terra (Mt 28:19). A Bíblia inteira e nada além da Bíblia deve informar nossa compreensão de Cristo. Todo aspecto de sua pessoa e obra é objeto de nossa fé. Qualquer coisa que coloque uma invenção humana, fantasiosa, ou uma falsa imagem de nosso Senhor diante de nossos olhos ou dentro de nossas mentes não fortalece a fé bíblica, mas a corrompe e a degrada. Se você quer ver o Salvador, então estude, medite e memorize as Escrituras, pois ali dentro o Messias é revelado em toda a sua glória. Dunham escreve: “Não é legítimo ter figuras de Jesus Cristo ... porque, se isso não suscitar devoção, é em vão, se suscitar devoção, é uma adoração através de uma imagem ou figura, e assim uma quebra palpável do segundo mandamento”. [iv]

III) Terceiro, todas as figuras do Salvador implicitamente promovem a antiga heresia de Nestorius, que separou as duas naturezas de Cristo: a humana da divina.[v] Quando os apóstolos olhavam para Jesus eles contemplavam o Deus-homem. Dessa forma o apóstolo João podia escrever: “E o verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai” (Jo 1:14). Junto com o fato de que figuras do Filho de Deus são impressões falsas, elas também não podem retratar a natureza divina do Messias. Portanto, elas não apenas retratam-no infinitamente menos do que Ele era, é e será; mas também o depreciam de Sua glória divina. Elas implicitamente ensinam uma falsa teologia de Cristo. Esta observação é uma das razões primárias porque a igreja primitiva condenou figuras de Jesus. Um conselho maior em Constantinopla (A.D. 754) decretou:

Se alguém dividir a natureza humana, unida à Pessoa de Deus o Verbo, e tendo isso apenas na imaginação de sua mente, por isso tentar pintar o mesmo em uma imagem, que seja considerado maldito. Se alguém dividir Cristo, que é apenas um, em duas pessoas, colocando em um lado o Filho de Deus, e do outro lado o filho de Maria, não confessando a união contínua que há, e por essa razão pintar em uma imagem do filho de Maria como subsistindo por si mesmo, que seja maldito. Se alguém pintar em uma imagem a natureza humana, que é deificada através da unidade com Deus o Verbo, separando por assim dizer a Deidade assunta e deificada, que seja maldito.

Com relação a esse conselho Philip Schaff escreve: “O conselho, apelando para o segundo mandamento e outras passagens das Escrituras denunciando idolatria (Rm 1:23,25; Jo 4:24), e para opiniões dos Pais (Epifânio, Eusébio, Gregório Nazianzeno, Crisóstomo, etc.), condenou e proibiu o culto público e privado de imagens sacras sob pena de destituição e excomunhão ... Isso denunciou todas as representações religiosas de pintores e escultores como presunçosas, pagãs e idólatras. Aqueles que fazem pinturas do Salvador, que é tanto Deus quanto homem em uma pessoa inseparável, ou limita a incompreensível Deidade aos limites da carne criada, ou confunde suas duas naturezas como Êutico, ou separa-as como Nestório, ou nega sua Deidade como Ário; e aqueles que adoram tal figura são culpados da mesma heresia e blasfêmia.”[vi]

Figuras de Cristo são mentiras da imaginação que pervertem e degradam a doutrina escriturística de nosso Senhor. Nós devemos lembrar nosso precioso Salvador não através de fantasias artísticas grosseiras, mas através da celebração da Ceia do Senhor, fazendo uso dos meios de graça e meditando nas Escrituras. Paulo diz que “a fé vem pela pregação, e a pregação, pela palavra de Cristo” (Rm 10:17). Jesus nos diz que a santificação vem pelos meios da Palavra de Deus. “Santifica-os na verdade. A tua palavra é a verdade” (Jo 17:17). Impressões artísticas do Filho de Deus podem excitar as emoções. Elas podem trazer lágrimas aos olhos ou alegria ao coração. Mas, porque são produtos da imaginação da mente do homem, elas não podem santificar ou aumentar nossa fé. Deveras, como violações não ordenadas do ensino expresso da Bíblia elas são destrutivas da fé e santificação. “Filhinhos, guardai-vos dos ídolos” (1 Jo 5:21).

Figuras de nosso Senhor não podem santificar porque: (a) elas fluem da imaginação do artista e por isso são ficção; e, b) elas pervertem o ensino bíblico sobre o Salvador teocêntrico ao lhe roubarem sua glória, separarem as duas naturezas – a divina da humana. Este fato tem importantes implicações para aqueles que querem reter figuras com propósitos educacionais (ex: material para escola dominical de crianças). Àqueles que são a favor do uso de figuras do Filho de Deus com propósitos educacionais nós fazemos as seguintes perguntas: Como você pode ensinar a verdade estabelecendo uma mentira (i.e, uma fantasia humana, uma representação fictícia) aos olhos das crianças? Quantas crianças crescem com a imagem de um Messias de olhos azuis, efeminado, cabelos longos, hippie frágil, por causa da ignorância e incompetência de professores da escola dominical? Como você espera que crianças sejam santificadas por algo que não tem nenhuma base na Escritura e, portanto, é uma invenção da mente humana? (Tenha em mente que a Bíblia não dá nenhuma descrição física de nosso Senhor a não ser algumas passagens que não podem de forma alguma ser representada por um artista – ex: Mt 17:2; Ap 1:13 ss) Paulo diz que filosofias humanas e regras autônomas não têm nenhum valor contra a indulgência da carne (Cl 2:8, 21-23). Figuras de Jesus para uso educacional ou devocional são invenções do homem que não tem nenhuma base na Escritura e por isso são tradições humanas que caem sob a condenação de Deus.

IV) Quarto, tanto a Bíblia quanto a história da igreja ensinam que imagens religiosas inventadas pelo homem para uso educacional ou devocional são ciladas do maligno que corrompem o povo de Deus com idolatria e declínio. Por causa de nossa natureza pecaminosa o coração do homem é com freqüência fácil e lamentavelmente conduzido a formas corruptas e sensoriais de culto. Em 2 Reis 18:4 nós lemos que o piedoso rei Ezequias quebrou em pedaços a serpente de bronze que Moisés tinha feito, porque o povo de Israel lhe estava queimando incenso. A serpente de bronze (diferente das ilustrações de Cristo) era uma imagem legítima, pois fora ordenada por Deus. Todavia, assim que ela se tornou um objeto de devoção religiosa Jeová quis que ela fosse destruída como um item de superstição e idolatria.

Na igreja antiga, figuras eram feitas para honrar os santos, a virgem Maria e Jesus. Essa prática levou a toda sorte de superstições, práticas idólatras corruptas: oração a santos mortos; preservação e adoração de relíquias; dias santos; peregrinações; vestimentas em estátuas com diferentes roupas para diferentes dias santos; procissão com estátuas e figuras em honra dos santos, da virgem Maria e Cristo; catedrais construídas para honrar as relíquias dos santos mortos e assim por diante. Não há nenhuma dúvida de que muitas das pobres almas iludidas que levaram a igreja a adentrar nos escuros passos do romanismo eram sinceras. Elas provavelmente eram muito piedosas e tinham o melhor dos motivos. Mas seu amor à invenção humana, seus acréscimos ao culto que Deus autorizou levaram à explosão total da condenável religião do papismo. “Mas, dizem os papistas, imagens são os livros do leigo, e eles são bons para fazer com que Deus se lembre deles. Um dos Concílios do Papa afirmou que nós podemos aprender mais por uma imagem do que por um longo estudo das Escrituras ... Pois, para os papistas, dizer que eles fazem uso de uma imagem para fazer com que Deus se lembre deles é como se uma mulher dissesse que ela procura companhia de outro homem para ser lembrada por seu marido.”[vii]

Para os protestantes modernos ignorar o ensino claro da Escritura e história como se fossem imunes aos perigos da superstição e idolatria é arrogante, tolo e mortal. A igreja do Papa não se tornou numa monstruosidade demoníaca, agora isso está muito perto. Mas, como Paulo advertiu, “um pouco de fermento leveda a massa toda” (1 Co 5:6). A prática comum preferida hoje (mesmo em Igrejas Presbiterianas conservadoras) do uso de figuras de Jesus em materiais educacionais (ex: livros, vídeos, materiais de escola dominical) viola o segundo mandamento, ensina uma falsa doutrina do Messias, corrompe o culto de Deus, é insolentemente desrespeitosa para com a segunda pessoa da trindade e por isso deveria ser odiada e evitada por todo cristão crente na Bíblia. Os patriarcas da linha calvinista da Reforma escrupulosamente abstiveram-se, como questão de princípio, do uso de figuras de Cristo. Observe as palavras de John Knox em “Book of Disciple, Third Head” (Livro do Discípulo, Terceira Parte) (1560): “Que os digníssimos sejam seguramente persuadidos de que a ira de Deus virá não apenas sobre o cego e obstinado idólatra, mas também sobre o que tolera a mesma negligência; especialmente se Deus armou suas mãos com poder para suprimir tais abominações. Por idolatria nós entendemos a missa, invocação de santos, adoração de imagens e preservação e conservação das mesmas; e, finalmente, toda a honra a Deus não contida em sua santa Palavra”.

Que nós façamos da mesma maneira e voltemos à estrita aderência conscienciosa ao segundo mandamento como era a postura de nossos pais espirituais. O fato de que figuras de Cristo são largamente usadas entre cristãos professos em nossos dias não torna isso correto. Isso infelizmente é outro sinal da larga difusão do declínio e apostasia entre muitas igrejas modernas. Possa Deus nos capacitar para adorarmos nosso precioso Salvador somente na maneira autorizada por sua infalível Palavra. 

Notas:
Brian Schwertley é pastor presbiteriano na América do Norte (Reformed Presbyterian Church of the United States).
[i] Thomas Watson, The Tem Commandments (Os Dez Mandamentos) (Carlisle, Pa: Banner of Truth, 1965 [1692, 1890]), 61.
[ii] Fisher’s Catechism, de Q&A #51, resposta à subquestão #9.
[iii] Johannes G. Vos, The Westminster Larger Catechism: A Commentary (O Catecismo Maior de Westminster: Um Comentário) (Phillipsburg, NJ: Presbyterian and Reformed, 2002), 292.
[iv] James Durham, The Law Unsealed: orA Practical Exposition of the Ten Commandments (A Lei Aberta ou Uma Exposição Prática dos Dez Mandamentos).
[v] “E se for dito que a alma do homem não pode ser pintada, mas seu corpo pode, e todavia essa figura representa um homem; eu respondo: isso acontece porque eles tem apenas uma natureza, e aquilo que o representa, representa a pessoa; mas não é assim com Cristo: sua divindade não é uma parte distinta da natureza humana, como a alma do homem é (o que é necessariamente suposto em todo homem vivo), mas uma natureza distinta, apenas unidade com a humanidade nessa única pessoa, Cristo, que não tem nenhum semelhante; por isso o que o representa não deve representar um homem somente, mas deve representar Cristo, Emanuel, Deus-homem, de outra forma não é sua imagem. Além do mais, não há nenhuma autorização para representá-lo em sua humanidade; nem nenhuma vívida possibilidade disso, mas como imaginação do homem; e deve isto ser chamado de retrato de Cristo? Seria chamado retrato de qualquer outro homem se fosse desenhado ao bel-prazer dos homens, sem considerar o modelo? De novo, não serve para nada; pois essa imagem ou deveria ter opiniões comuns com outras imagens, e isso ofenderia Cristo, ou ter um respeito peculiar de reverência, e isso é pecar contra o mandamento que proíbe toda reverência religiosa a imagens, mas sendo Ele Deus e, portanto, o objeto da adoração, nós temos que ou dividir suas naturezas, ou dizer que essa imagem ou figura não representa a Cristo. De Law Unsealed: or, A Pratical Exposition of the Tem Commandments.
[vi] Phillip Schaff, History of the Christian Church (História da Igreja Cristã) (Grand Rapids: Eerdmans, 1987 [1910], 4:457-458
[vii] Thomas Watson, The Tem Commandments (Os Dez Mandamentos), 61.


Fonte: Os Puritanos

domingo, 11 de setembro de 2011

Pecado Não É Múltipla Escolha!



Pecado Não É Múltipla Escolha! -
por Jorge Fernandes Isah

Não tenho por hábito transcrever diálogos pessoais, mas recebi o pedido de ajuda de um irmão. Orei, e respondi-lhe. Alguns dias depois, escreveu-me aflito por cair novamente no pecado. Eis suas palavras:

“Preciso de uma mudança, eu não quero servir Jesus desse jeito, com pecado; eu lembro da passagem que fala de Acã e seu pecado escondido fez o arraial de Deus regredir. Eu faço a obra de Deus, prego, evangelizo, mas peco. Por favor, me ajude eu preciso restaurar o temor que eu tinha no meu primeiro amor, o medo de pecar é algo que eu já perdi, mas quero recuperar isso”.

A minha segunda resposta:

É difícil ajudá-lo a distância, sem conhecê-lo. Mas se esta é a vontade de Deus, que assim seja. 

O ideal é que você tivesse um irmão maduro na fé, alguém que pudesse auxiliá-lo, como lhe disse, alguém com o qual convivesse, que estivesse próximo. Preferencialmente, procurando o auxílio do seu pastor. Sei como são essas coisas de timidez, pois também sou tímido, e não gosto de me expor. Mas você tem de entender que, no caso da Igreja, como membro do Corpo, faz o Corpo sofrer, ainda que os irmãos não saibam. Pois Cristo, como a cabeça, sabe. Paulo descreveu a situação assim: “de maneira que, se um membro padece, todos os membros padecem com ele; e, se um membro é honrado, todos os membros se regozijam com ele" [1Co 12.26].

Depois que lhe escrevi, tenho orado por sua vida e pedido a Deus que o liberte desse vício e pecado, e meditado na sua situação. Como contei, fui viciado em pornografia e sexo por muitos anos, até a minha conversão, e sei como esses pecados nos controlam e dominam. No início, quando da conversão, há uma parada abrupta em nosso comportamento pecaminoso, é como se não houvesse nenhum desejo e vontade em pecar. Acontece que a nova natureza em Cristo faz com que a natureza carnal fique adormecida. Nessa fase, somos apenas de Cristo, queremos ir aos cultos, fazer evangelismo, ler a Bíblia, orar e falar de Jesus para todas as pessoas de uma forma inimaginável, quase compulsiva.

Então progressivamente perdemos esse "furor" inicial, e acontece da nossa antiga natureza ressurgir pouco a pouco. Começamos a ouvir músicas seculares, a ver tv, cinema, e tantas outras atividades tal qual antigamente. Voltamos aos antigos amigos, e consideramos que já somos fortes o suficiente para enfrentar o mundo. Paulo foi claro ao nos alertar: “Aquele, pois, que cuida estar em pé, olhe não caia” [1Co 10.12]. Logo, começamos a olhar para as mulheres com um olhar diferente, quase como no passado, e sentimos desejos de ver o que é proibido, e de atentar para o proibido. O pecado nos atrai novamente, e somos atraídos por ele. Então, meu irmão, só há duas opções:

1) Nos rendemos ao pecado, e pecamos, ainda que depois venha o arrependimento.

2) Resistimos ao pecado, mesmo sabendo que Deus é misericordioso para nos perdoar. 

O problema não é o pecado em si, ele é conseqüência do nosso relacionamento com Deus, ou da falta dele. Naquele momento, Deus é menor do que o desejo de pecar. Naquele momento, o pecado [seja qual for] é o meu deus. A questão é: amo o Senhor verdadeiramente a ponto de considerar não pecar, e não pecar quando tentado? Ou o meu amor é insuficiente para resistir ao pecado? [lembrando-me do novo-nascimento, a velha natureza estava soterrada, inativa, pela nova natureza. O que precisamos fazer é soterrar novamente a antiga natureza, e com ela, as práticas pecaminosas].

O mais importante é não gastar tempo ouvindo a própria voz. Ela lhe trará uma gama de ilusórias desculpas, que podem trazer alívio momentâneo, mas jamais o curará. De uma forma ainda pior, poderá cauterizá-lo e colocá-lo em uma posição de acomodação ao pecado. Ouça a voz de Deus, o qual fala pela Escritura Sagrada. Não canse de repetir para si mesmo: pornografia é pecado! E, ao crente, somente há uma forma de se relacionar com o pecado: rejeitando-o, derrotando-o, impedindo-o de se levantar da sarjeta, do monturo.

Não se engane com as mentiras que diz e já tem preparado para a ocasião, elas somente o manterão escravizado. Antes não rejeite a verdade, e se lance humildemente aos pés do Senhor. Diante dEle não há como nos exaltarmos e pecarmos [a tentativa soberba do homem em se sobrepor a Deus, de se exaltar acima dEle, como se isso fosse possível]. Diante dEle estaremos sempre humilhados, submissos, e em posição de não-pecado, não-autoglorificação, de não-rebeldia, mas de submissão, negação a si mesmo, de reconhecimento da nudez, pobreza, cegueira e iniqüidade humanas; e necessitados da Sua graça e sustento físico-espiritual. Como João o Batista disse: "É necessário que ele cresça e que eu diminua” [Jo 3.30].

Não deixe a mentira tomar conta da sua mente, e dizer que você é o que jamais foi. Leia e medite na verdade, a Bíblia, através da qual Deus nos fala e nos ensina a trilhar os caminhos santos para os quais Cristo nos chamou, capacitando-nos pelo poder do Espírito Santo.

Por que não devo pecar? Por que é uma ordem? Ou por que o meu amor a Deus é tamanho que não transgredirei a Sua ordem? Veja bem, não pecarei não porque estou com medo da punição [se fosse assim, ninguém pecaria], mas não pecarei porque amo ao Senhor de tal forma que o meu amor não me permitirá ceder ao pecado. Se o meu coração estiver cheio, repleto de Deus, não haverá lugar para pecar. Como digo sempre: onde há amor, não há pecado. Onde há pecado, não há amor.

A masturbação, especificamente, não é um pecado instantâneo. Ela não acontece por um impulso incontrolável, por um "repente", como se diz aqui em Minas. Ela é progressiva, um processo. Primeiro você se entrega ao deleite de olhar ou imaginar formas femininas, depois não se contenta apenas em imaginar, mas há a cobiça, o desejo de realizar algo com aquele corpo, por fim, como não é possível fazê-lo, você se rende ao alívio imediato, para não ficar mais pensando e sofrendo por não tê-lo, e por pensar e sofrer com o que pensa. Mesmo sabendo que é pecado, mesmo sabendo que desagrada a Deus, mesmo sabendo que será levado a pecar novamente, a sensação é por demais agradável; mesmo sendo escravizante, ainda assim, é algo incontrolável quando se peca a primeira, a segunda vez, quando não se refreia, peca-se por desordem. Pelo coração não estar acomodado, em conformidade com a santidade. Entra-se em um círculo vicioso... e, somente Deus para nos tirar dele.

Não vejo saída a não ser a oração, a mortificação da carne [o jejum é uma arma poderosa], afastando-se de tudo o que o remete à lascívia, à cobiça, ao prazer ilícito. Exteriormente somos "fisgados", mas o problema está no interior, no coração. Como o Senhor Jesus disse, é dele que procedem todos os males [Mt 15.17-18]. Porém, um coração cheio do amor por Deus será um coração vitorioso na luta contra o pecado. 

Pedro diz: "Visto como o seu divino poder nos deu tudo o que diz respeito à vida e piedade, pelo conhecimento daquele que nos chamou pela sua glória e virtude; pelas quais ele nos tem dado grandíssimas e preciosas promessas, para que por elas fiqueis participantes da natureza divina, havendo escapado da corrupção, que pela concupiscência há no mundo. E vós também, pondo nisto mesmo toda a diligência, acrescentai à vossa fé a virtude, e à virtude a ciência, e à ciência a temperança, e à temperança a paciência, e à paciência a piedade, e à piedade o amor fraternal, e ao amor fraternal a caridade. Pois aquele em quem não há estas coisas é cego, nada vendo ao longe, havendo-se esquecido da purificação dos seus antigos pecados. Portanto, irmãos, procurai fazer cada vez mais firme a vossa vocação e eleição; porque, fazendo isto, nunca jamais tropeçareis. Porque assim vos será amplamente concedida a entrada no reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo" [2Pe 1.3-11].

Em outras palavras, o apóstolo está dizendo ao crente: você é um eleito de Deus, resgatado da condenação por Cristo, feito co-herdeiro em Cristo, participante da glória e da graça de Deus em Cristo, portanto, viva como um eleito, não como um ímpio!

Pedro está nos exortando a viver segundo o chamado que Deus nos deu. Somos eleitos, então vivamos com tal, e não como o pecador que antes éramos. 

No seu caso, posso fazer muito pouco ou nada além de ouvi-lo, de exortá-lo, de orar por você. Está em suas mãos resistir ao pecado e levar uma vida santa diante de Deus. 

Novamente, voltemos a Pedro: "Portanto, cingindo os lombos do vosso entendimento, sede sóbrios, e esperai inteiramente na graça que se vos ofereceu na revelação de Jesus Cristo; como filhos obedientes, não vos conformando com as concupiscências que antes havia em vossa ignorância; mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver; porquanto está escrito: Sede santos, porque eu sou santo" [1Pe 1.13-16].

Pedro reafirma aqui o que disse anteriormente: você é um eleito, viva como tal; não se entregue às práticas dos gentios e incrédulos, que antes fazia. Porque o chamado de Deus para o Seu povo é o chamado à santidade. 

Paulo também diz: "E, se Cristo está em vós, o corpo, na verdade, está morto por causa do pecado, mas o espírito vive por causa da justiça... De maneira que, irmãos, somos devedores, não à carne para viver segundo a carne. Porque, se viverdes segundo a carne, morrereis; mas, se pelo Espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis. Porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus esses são filhos de Deus... Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação, ou a angústia, ou a perseguição, ou a fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada? Como está escrito: Por amor de ti somos entregues à morte todo o dia; somos reputados como ovelhas para o matadouro. Mas em todas estas coisas somos mais do que vencedores, por aquele que nos amou. Porque estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir, nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor" [Rm 8.6-39]. 

Viva no Espírito, no amor do Senhor, e você morrerá todo dia para a carne. Não é fácil, mas não há outro caminho. Arrependa-se, coloque-se nas mãos do Senhor integralmente, viva o Evangelho de Cristo, viva por meio dEle, para Ele, e, certamente, Deus o libertará desse pecado. Na verdade, você já foi libertado pelo sacrifício do Senhor na cruz, assuma então a sua condição de eleito, e viva como um crente, como um servo guiado pelo Senhor, buscando-o, sujeitando-se, humilhando-se, glorificando-o, através do poder do Espírito Santo e da Palavra; pois o único antídoto contra o pecado é a santidade. Desejar mais do que qualquer outra coisa ser como é o nosso Senhor: santo!

Ore, ajoelhe, clame a Deus, implore, se humilhe diante dEle, arrependa-se com o que de mais intenso e verdadeiro haja dentro de você, e, certamente, odiará o pecado e amará cada vez mais a Deus.

Continuarei orando por sua vida, para que Cristo o liberte, dando-lhe discernimento e sabedoria para enfrentar essas tentações. Como disse anteriormente, a tentação ainda não é o pecado, mas quando passamos por ela sem resistência, o pecado invariavelmente acontecerá. A tentação é a chance que se tem de não pecar, o último recurso antes do desfecho final: a queda!

Escreva quando quiser e precisar. 

PS: Acho que seria bom você pensar, pelo menos por enquanto, em afastar-se das pregações. Continue a evangelizar, a falar de Jesus para as pessoas; a orar, ler as Escrituras, meditar nelas. Buscar literatura de qualidade que o ajude a combater o pecado. Mas não considero, biblicamente, qualquer possibilidade de você se manter em algum ministério, seja a pregação, o louvor, ou qualquer outro, enquanto estiver rendendo-se ao pecado. Não seria correto para com Deus nem a igreja. Você disse que se converteu este ano, portanto, muito pouco tempo para assumir certas funções no Corpo local. Como Paulo diz, o neófito [novo na fé] não deve assumir liderança, "para que, ensoberbecendo-se, não caia na condenação do diabo" [1Tm 3.6]. Talvez o seu problema esteja aí. Mas é algo que apenas você poderá responder, então, pergunte a si mesmo sinceramente: por que estou no ministério? O que me motiva a exercê-lo? Quem sabe, Deus já não esteja dando a resposta?

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Existem Brechas na Bíblia?




Existem Brechas na Bíblia? -
por Filipe Luiz C. Machado

Costuma-se dizer - no Direito - que a lei tem brecha, ou lacunas a serem preenchidas, contudo, não o ordenamento jurídico. Isso quer dizer que, embora determinadas - ou muitas - leis possam ser incertas quanto à sua aplicação, o conjunto de todas as leis e princípios que regem o Direito asseguram que todo o conjunto da obra - isto é, tudo o que envolve o Direito - dará e terá alguma solução para qualquer caso que lhe vier, não ficando coisa alguma sem solução.

De forma muitíssimo semelhante, se dá também com a Bíblia.

Muito embora a Bíblia contenha versículos de difícil entendimento e ainda outros que não fazemos muita noção do que significaram e significam, ainda assim quando olhamos a partir de uma visão geral e mais ampla para ela, vemos que outros versículos mais claros lançam luz sobre esses versículos de difícil compreensão. Esse é um dos três pilares da interpretação bíblica [a) a Bíblia se auto-explica (ou, a Bíblia não pode se contradizer), b) partes mais claras das Escrituras iluminam as mais escuras e c) a analogia da fé (isto é, conectamos as partes da Escritura por meio da fé de que elas de fato são a palavra de Deus).

É lamentável olharmos para inúmeros liberais que - praticamente - orgulham-se de enxergarem contradições na palavra de Deus. Conforme vimos, embora certos versículos nos sejam de difícil compreensão - ou ainda podem ter mais de uma interpretação plausível - isso jamais significou - para a igreja histórica e fiel aos princípios bíblicos - que a Bíblia não nos dê subsídios - isto é, bases concretas para a interpretarmos - a fim de que entendamos os propósitos e palavra do Senhor.

Muitos cristãos se veem perdidos quando deparam-se com algum ponto obscuro na doutrina bíblica, contudo, não deve haver motivo para desespero, pois ainda que esse ou aquele versículo ou contexto histórico pouca coisa forneça para nos iluminar - em nossa pequenez - certamente que alguma outra parte da Escritura descortinará novos horizontes para todos os Seus, a fim de os levar a uma melhor compreensão da Sua revelação.

Se pessoas defendem autores controvertidos e ideias contraditórias, não deveríamos nós - os cristãos - lutarmos com muito mais afinco em prol da palavra de Deus, a única capaz de nos salvar?

sábado, 20 de agosto de 2011

O Mito da Contextualização do Evangelho



O Mito da Contextualização do Evangelho -
por Filipe Luiz C. Machado

Talvez você já tenha ouvido sobre o mito que vaga pelos redutos evangélicos e que constantemente distorce a verdade e sussurra heresias às tubulações humanas.

Esse mito - a ponto de tornar-se forma corpórea - pode ser encontrado desde as mais densas cavernas, até o mais alto edifício de uma cidade metropolitana.

Reza a lenda que ele nunca conseguiu incorporar uma pessoa, contudo, há vezes em que pessoas aparentam ser possuídas por ele. No entanto, sua influência pode ser vista em boa parte dos pregadores e professos da fé cristã. Tais pessoais tem sido sensíveis à sua voz, sem contudo atentarem para as portas da morte para onde estão sendo levadas.

Esse espírito - sem corpo - sempre começa ensinando que em vez da Bíblia ser a palavra de Deus, ela na verdade contém a palavra de Deus - levando muitos a duvidar da eficácia das palavras ali contidas. Ele também dissemina filosofias pragmáticas e humanistas no intuito de conferir ao homem a liberdade quanto ao futuro e ensina-o de que "depende somente de você". Mas, infelizmente, ele não para por aí.

Segundo relatos fieis, ele tem ensinado que se o evangelho não for mascarado e fantasiado, eficácia alguma terá na vida dos incrédulos. Dizem essas línguas que ele as ensina a serem iguais ao mundo, imitarem tudo o que o mundo faz, mas dizerem que estão fazendo tudo "para Jesus".

Há grupos que saíram da "heresia" e foram para a "sã doutrina" e vieram a se tornar "hippies de Jesus", não respeitando a sociedade e lutando pela liberdade plena do homem quanto ao governo Estatal. Outros ainda tornaram-se "punks de Jesus", revoltando-se contra a sociedade e tendo a anarquia como sua aliada. Há ainda outros que foram além dizendo que eram "vampiros de Cristo", pois dependiam do sangue de Cristo para sua sobrevivência. Alguns ainda alegam que foram abduzidos e levados a fazer coisas contrárias ao seu querer, mas quanto à esses eu tenho alguma dúvida. O fato é que quanto mais a sociedade avança, mais esse mito torna-se pernicioso às mentes humanas e leva-as a experimentarem-o, na falsa segurança que ele as levará ao êxito prometido.

Conta a história que esse antigo espírito mitológico ressurgiu em aldeias liberais, ao ser lentamente invocado pelos pajés que queriam ser relevantes para o mundo. Segundo o historiador Reformado, tais líderes teriam duvidado do poder de Deus em salvar os pecadores por meio de sua palavra pregada e por isso passaram a acrescentar mecanismos humanos de persuasão, tudo para conquistar e escravizar às tribos ao seu redor.

É triste, mas ainda que esse espírito já tenha sido fortemente combatido por meio de palavras mágicas, ainda persiste e continua a ser um erro para alguns e um amuleto para outros. Erro para aqueles que acreditam que ele não lhes fala a verdade, mas continuam a segui-lo; e um amuleto para aqueles que não conhecem a verdade, mas acreditam em suas palavras lisonjeadoras e massageadoras do ego.

As autoridades competentes alertam para tal perigo e recomendam a oração e leitura bíblica diária em caso de contato com os olhos, mente ou coração.

sábado, 13 de agosto de 2011

Louvor: Como Implodir a Doutrina



Louvor: Como Implodir a Doutrina -
por Jorge Fernandes Isah

A afirmação de que o louvor pode ser qualquer coisa, de qualquer forma, e de que Deus nos aceita como somos, remete-nos à seguinte questão: O Senhor aceita o pecador inconvertido e sem arrependimento que mantém-se em rebeldia, rejeitando a Cristo como único e suficiente Salvador? Ou será necessário que, primeiro, esse pecador seja regenerado por Cristo e transformado pelo Espírito Santo para arrepender-se e receber o perdão divino, e então ser aceito? Da mesma forma, qualquer coisa que se faça em nome da Igreja e na Igreja somente será reconhecida por Deus se obedecer aos preceitos definidos na Escritura, os principios estabelecidos pelo próprio Deus.

É possível uma adoração santa quando se apela para ritmos sensuais, com o único objetivo de entreter e saciar a carne? É possível que se execute igualmente danças muito parecidas com a "dança-do-ventre" nos cultos, e crer que se está agradando a Deus? É possível agradá-lO com um discurso humanista, que exalta o homem, em detrimento da pregação expositiva bíblica que exalta a Deus? É possível uma diversidade de técnicas mundanas subir ao púlpito (o pragmatismo, o servilismo ao pecado, a acomodação aos padrões do mundo), e agradar a Deus? É possível agradá-lO sem ser bíblico? Baseado apenas nas sensações e tentativas humanas? O homem natural certamente não verá problemas, e responderá acertivamente. Contudo, o homem espiritual, aquele que tem a mente de Cristo e foi regenerado, dirá não. Porque o princípio da verdadeira adoração não são os efeitos pirotécnicos, nem a multidão de gestos, nem o grito tronitruante, nem o suor, nem calafrios, nem comoção pública, nem o cair ou cacarejar, ou qualquer outro fenômeno bizarro. O preceito da verdadeira adoração é a obediência a Deus e a Sua palavra, as Escrituras Sagradas.

As igrejas começam sempre abrindo uma exceção em suas práticas, as quais consideram sem importância. E, normalmente, começa-se pela liberalidade na música, no louvor. Acontece que os bodes precisam de diversão constante, e estão ali para distrair e, num golpe final, destruir o rebanho (como objetivo, porém não alcansável, visto que as ovelhas de Cristo são salvas e jamais destruídas pelo inimigo). E como isso se dá? Primeiro, corrompe-se o louvor, onde a santidade dá lugar a toda prática profana, com a apropriação dos sentimentos e valores do mundo para depois, progressivamente, implodirem a doutrina e a validade escriturística.

É esse o caminho que os ímpios impõem à igreja enquanto irmãos sinceros, mas iludidos com as falsas promessas de resultados (e a ignorância escriturística é fundamental para se manter crentes em estado de coalizão com as forças malignas; os quais veem erroneamente os valores humanos como sendo de Deus), permitem-se cair na blasfêmia, no mundanismo, na rebelião e no desprezo ao Senhor.

A igreja que acredita louvar a Deus na carne (repito: com ritmos sensuais, contagiantes, eletrizantes, danças profanas, e técnicas do show business) está assentada no lamaçal do pecado, e receberá a disciplina ou a ira divina. Porque a verdadeira adoração não é uma isca para fisgar espectadores através da musicalidade profana, da pregação artificiosa e antibíblicas; a verdadeira adoração é a submissão do crente a Deus, sujeitando-se à Sua vontade, e porque não, trabalhar para manter os bodes e ímpios fora da igreja ao invés de chamá-los para um acordo de paz, onde os bodes não cumprirão a parte assumida, mas dissimuladamente buscarão dispersar as ovelhas, se possível fosse, destruí-las.

Infelizmente a maioria dos adoradores modernos enquadram-se na sentença de Paulo: "Segundo a tua dureza e teu coração impenitente, entesouras ira para ti no dia da ira e da manifestação do juízo de Deus" (Rm 2.5).

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