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segunda-feira, 25 de julho de 2011

Pode um cristão casar com um incrédulo?


Pode um cristão casar com um incrédulo? -
por Jorge Fernandes Isah


Alguém pode pensar que este é um assunto morto. Tanto quanto o defunto mais velho enterrado no cemitério da sua cidade. Porém, isso me parece muito mais uma atitude para se afastar do assunto, rejeitá-lo ou negligenciá-lo, do que propriamente conhecê-lo à luz da Escritura.

Há muitos que consideram normal o casamento misto. Afinal, o marido crente abençoa a mulher não-crente, e vice-versa. Mas esquecem-se de que o contexto para esta afirmação não se encontra antes do casamento, quando um(a) crente poderia casar com uma(um) incrédula(o) e assim obter de mais tempo e empenho para convertê-la(o). Paulo nos diz que isso acontece quando dois incrédulos se casam, e no decorrer do casamento, um deles se converte a Cristo. Como o casamento é indissolúvel, não há porque o recém-convertido se separar da outra parte, a menos que esta não queira viver com ele.

Não há garantias de que um crente, casando-se com uma incrédulo, poderá levá-la a Cristo. Ora, como Paulo disse: "Porque, de onde sabes, ó mulher, se salvarás teu marido? ou, de onde sabes, ó marido, se salvarás tua mulher?" [1Co 7.16]. A salvação é divina, e somente Deus poderá salvar ou não; mas o crente é chamado à obediência; e a Escritura é clara em fazer separação entre o fiel e o infiel. Portanto, considero essa posição [e há pastores, líderes e muitos de nós que a defendem] como um conselho temerário, senão, vejamos:

1) Como crentes, desaprovamos a desobediência a Deus;
2) Segundo os defensores do casamento misto, a desobediência tem um elemento que justifica a rebeldia, ou seja, o altruísmo de se levar o futuro cônjuge a Cristo, valendo-se da piedade por sua alma. Mas isso nada mais é que enganar-se, achando que o erro pode se converter em acerto pelo simples desejo do nosso coração de que assim ele seja.
3) Levando-nos à conclusão de que o crente, mesmo em rebeldia, deve buscar por uma bênção por seus próprios meios e esforços, à parte do preceito divino de que lhe devemos, sobretudo, obediência.

A coisa toda fica pior quando se utiliza do exemplo de Salomão, o qual se entregou aos casamentos mistos, para ratificar esse pecado. É evidente que a Bíblia nos revela os erros de Salomão não para serem seguidos, mas exatamente como um preventivo para que não incorramos neles; ao nos mostrar os efeitos danosos que sobrevieram ao povo de Israel [a idolatria, p. ex.], mas para o próprio Salomão, que também se tornou idólatra, e queimou incenso para outros "deuses", e teve o seu reino dividido, ainda que Deus o poupasse desse desgosto, por amor ao seu pai Davi; mas assegurando-lhe de que sob o reinado do seu filho Roboão, Israel se esfacelaria.

O argumento do casamento misto, nada mais é do que o desejo do desobediente de convencer-se a si mesmo de que existem motivos nobres e piedosos para se aventurar a uma empreitada que significará rebelião e pecado. É isso mesmo! Quem age deliberadamente assim não comente nada além do que pecado! E o pecado é o desprezo ao próprio Deus.

Muitos também alegam que Deus pode abençoar o crente na desobediência. É possível? Sim, claro! O que, contudo, não absolve o crente em sua desobediência, ao rejeitar o princípio tão claramente exposto na Escritura, a separação que Deus estabeleceu para o seu povo. Fato é que o desobediente será disciplinado por isso, caso seja realmente um filho de Deus. Do contrário, a ira do Senhor estará sobre ele, para todo o sempre.

Então, pode-se perguntar: o que o(a) crente deve fazer caso tenha se casado com uma(um) incrédula(o), e reconhece que pecou? Meu conselho é: arrependa-se! E dê o melhor testemunho cristão para que o(a) cônjuge também se arrependa de seus pecados, reconheça Cristo como Senhor e Salvador pessoal, e assim, formem um lar santo, em que a obediência aos preceitos divinos traga frutos de glória para o bom Deus.

sábado, 23 de julho de 2011

O cristão pode ter medo do escuro?


O cristão pode ter medo do escuro? -
por Filipe Luiz C. Machado


Amados, reconheço que esse tema pode parecer um tanto infantil ou não merecedor de tempo despendido para que seja analisado, porém, gostaria de fazer algumas observações sobre o porquê de alguns cristãos temerem esse "mal".

Não sei você, mas eu já participei de vários acampamentos com amigos - alguns deles no meio do mato e outros chamados de "acampa-dentro", ou seja, íamos até algum local retirado e acampávamos dentro de uma casa ou galpão e tínhamos as atividades fora desse local.

Um fato que sempre permeava entre os ali encontrados era o "medo" de ter de ir e/ou voltar sozinho no meio do mato e no escuro. Não sei exatamente o porquê de muitos temerem isso, talvez seja porque os noticiários espalham notícias ruins sobre assassinato, estupros, sequestro e outras coisas e isso tenha levado tais pessoas a temerem esse tipo de lugar. Mas o que leva alguém que professa a fé cristã temer algo além disso?

Receio que muitos hoje em dia - mesmo não estando acampados em determinado lugar - temam o escuro pois associam-o ao mal inerente, às coisas ocultas ou até mesmo ao próprio diabo.

Não tenho estatísticas para dizer qual a porcentagem de crentes que temem andarem sozinhos no escuro com medo de algum demônio lhes aperecer ou algo semelhante, mas uma coisa sei: existem muitos por aí.

Em Is 8.12,13 lemos: "Não chameis conjuração, a tudo quanto este povo chama conjuração; e não temais o que ele teme, nem tampouco vos assombreis. Ao SENHOR dos Exércitos, a ele santificai; e seja ele o vosso temor e seja ele o vosso assombro." É interessante notarmos que o profeta diz para que tenhamos temor não do diabo e das coisas que o mundo tem medo - e é claro, conforme diz a passagem e seu contexto, não devemos crer em tudo aquilo que o mundo crê, também de igual modo não devemos nos aliar aos seus pensamentos fúteis e vis - mas sim que devemos temer tão somente a Deus.

Jesus também disse aos seus discípulos - após exortá-los de que viriam a ser perseguidos, mas que deveriam permanecer ao chamado que lhes fôra proposto: "E não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei antes aquele que pode fazer perecer no inferno a alma e o corpo" (Mt 10.28).

Portanto, que não venhamos a temer mal algum, que não nos amedrontemos diante da falta de luz natural, mas que sejamos cônscios de que o temor devido é somente a Deus. Que o Senhor nos instrua na certeza de que a verdadeira luz de Cristo brilha sobre seus filhos, de modo que "Nenhum mal te sucederá, nem praga alguma chegará à tua tenda" (Sl 91.10).

Que Deus nos abençoe.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

É pecado um casal de namorados dormir junto?


É pecado um casal de namorados dormir junto? -
por Filipe Luiz C. Machado

Recentemente um irmão em Cristo perguntou-me sobre a legitimidade - ou não - para um casal de namorados poder dormir junto. Confesso que esse é um ponto delicado, mas creio que - mais uma vez - as escrituras nos revelam aquilo que devemos fazer.

É importante notarmos primeiro sobre que tipo de situação nos rodeia. Uma coisa é um casal de namorados que viaja de avião e cujo avião cai no meio da floresta, restando poucos sobreviventes e ainda por cima, estavam na estação do inverno, o que implica dizer que necessariamente todos precisam dormir juntos - para se aquecer, caso contrário morrerão. Mas é claro que essa é uma situação hipotética e nela seria perfeitamente coerente dormir junto, pois seria um pecado deixar alguém morrer de frio quando podia-se evitá-lo.

Porém, a realidade dos namorados não é esta do avião, mas é a partir do dia-a-dia que as dúvidas surgem.

Muitos namorados cristãos gostariam de dormir juntos, mas tem receio de que isso seja pecado e por isso evitam-o. Já outros, não veem pecado e deliberadamente dormem junto. Ainda há um terceiro grupo que nem cogita a possibilidade, pois sabe que é pecado.

Creio que para nos desvencilharmos dessa dúvida, é necessário olharmos alguns textos bíblicos.

1. "Abstende-vos de toda a aparência do mal" (1Ts 5.22).

Paulo está exortando aos tessalonicenses para seja sejam sóbrios e vigiem durante sua peregrinação por esse mundo (5.6). Certamente - trazendo para o nosso exemplo - que Paulo não está dizendo que o fato de um homem encostar em uma mulher seja em si errado, mas nós entendemos claramente que em certos momentos muitas coisas tornam-se potencialmente erradas, por isso se faz necessário atentarmos para que embora o dormir junto em si não seja pecado - com toda a certeza desse mundo - pode levar a algo mais danoso, isto é, o sexo antes do casamento e desejos inapropriados para o momento.

2. "Sujeitai-vos, pois, a Deus, resisti ao diabo, e ele fugirá de vós" (Tg 4.7).

Tiago está escrevendo a respeito da importância do viver cristão. Ele escreveu também que "Ou cuidais vós que em vão diz a Escritura: O Espírito que em nós habita tem ciúmes?", levando-nos a entender que deve haver uma diferença entre o cristão e o não-cristão. Quando ele escreve dizendo que devemos nos sujeitar a Deus, nada mais justo do que atentarmos para essas palavras e buscarmos conformidade para com ela. Também se faz notório observarmos que se devemos viver somente para a glória de Deus (1Co 10.31), é coerente que busquemos fazer somente aquilo que exauta-O.

Tiago também fala de que se resistirmos ao diabo - no poder do Espírito Santo - ele certamente fugirá de nós. Ora, não é isso que experimentamos após longos tempos na batalha contra algum pecado e que finalmente é "vencido" ou ao menos diminuído?

3. "Porque do coração procedem os maus pensamentos, mortes, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias" (Mt 15.19).

No contexto desse versículo, Jesus está respondendo à objeção feita pelos fariseus de que os seus discípulos não lavavam as mãos antes de comerem (v.2). Jesus então lhes diz que não é o que entra que contamina o homem, mas o que sai - pois é fruto daquilo que está em seu coração (v.11).

É necessário que atentemos para essas palavras divinas, pois muitas vezes o desejo de se dormir junto não é motivado por nada mais, nada menos que a vontade de satisfazer os desejos da carne. Ou seja, o casal sabe que não deve dar razão ao pecado, sabe que não deve fazer sexo antes do casamento, contudo, busca chegar o mais perto que puder "sem pecar". Mas não é essa a instrução de Jesus. Ele nos diz que é do coração que brotam os maus pensamentos, por isso mesmo é que devemos evitar qualquer ação que motive nosso coração para algo contrário à sua palavra.

4. "Ora, o nascimento de Jesus Cristo foi assim: Estando Maria, sua mãe, desposada com José, antes de se ajuntarem, achou-se ter concebido do Espírito Santo" (Mt 1.18).

Talvez alguns possam objetar sobre a colocação desse versículo na questão que estamos analisando, contudo, vejamos que ele nos mostra um pequeno detalhe: "antes de se ajuntarem".

A vida de namorados como conhecemos hoje nunca existiu na narrativa bíblica. É interessante notarmos que antigamente as pessoas - algumas vezes - eram dadas em casamento, estavam prometidas para outrem, porém, não desfrutavam dos prazeres do casamento até que viessem a morar juntos. Sim, é certo que estamos falando aqui de namoro e não de sexo, mas convém que você medite nesse versículo à luz dos dois versículos anteriores.

Portanto, embora dormir junto não seja em si um pecado, não temos aval bíblico para tanto - salvo em casos extraordinários - e recomenda-se evitar a todo custo essa prática, haja vista muitas mágoas contra o próximo e principalmente ofensas à santidade de Deus serem evitadas quando nos abstemos dessa prática.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Dizimar é coisa de crente?


Dizimar é coisa de crente?
por Jorge Fernandes Isah

Recebi o seguinte comentário no meu blog de livros,"O que estou lendo... ou li", de um anônimo [interessante como o anonimato revela como o sujeito é indefinido, e no caso do dito cujo, também um mau leitor da Escritura [1]. O livro em questão é "Sacrifício & Domínio", do Dr. Gary North, Editora Monergismo. E vai muito além da simples discussão sobre "dinheiro" a partir dos relatos de Lucas no livro de Atos dos Apóstolos.

A minha resposta encontra-se em seguida.

Anônimo: "Já percebi que falar em dinheiro na igreja causa um certo receio. Por que digo isso? Se reparar, você deu seus comentários de todos os livros que você leu dessa página do seu blog, e só faltou esta aqui. Gostaria de entender porque não deu seu comentário a respeito desse livro; é de grande importância saber o que pensa sobre o assunto nos dias de hoje, sobre os lideres de hoje, como manipulam os fiéis a doarem o que tem. Será que é medo de dizer a verdade? Omitir a verdade também é uma falta grave. Muitas igrejas cobram os dízimos dos fiéis e até ameaçam com maldições se não derem. Isso está certo? Omitir a verdade, que o dízimo não é mais obrigatório e sim ofertas voluntárias, como Paulo ensina, não é correto. Por que será que o lideres não dizem a verdade? Será por medo? Será que se falar a verdade perderão as regalias que os dízimos trazem para eles? Por isso ficam em silêncio? Não estou aqui dizendo que você dar a décima parte de tudo que você ganha é errado, e sim obrigar, ameaçar seus fieis a darem algo que simplesmente é um mandamento exclusivo para os judeus, e é um mandamento do Antigo Testamento, já que Jesus cumpriu todas as leis. Sei que não irá postar este meu comentário, mas reflita aqui o que lhe digo"[2].

Eu: Sua pressa em me julgar é maior do que o tempo que eu tenho para terminar a leitura deste livro. Como ainda estou no início, não encontrei algo que pudesse me levar a postar um comentário. Uma boa ideia seria você comprar o livro e lê-lo para inteirar-se sobre o assunto.

Nunca deixo de comentar um livro, senão, não haveria necessidade do blog, concorda? Acontece que não faço postagens sequenciais sobre todos os livros, deixando para postar um comentário ao final da leitura, uma espécie de resenha. Por estar na página 36, acho que o meu comentário demorará um pouco ainda... é que faço múltiplas leituras, trabalho, tenho as atividades familiares, a igreja, e nem sempre dá para manter o blog atualizado do jeito que gostaria; até, porque, tenho outros blogs também. Mas deixe estar que comentarei o livro por aqui, fique tranquilo.

Agora, somente um tolo dizimaria ou ofertaria por causa de ameaças, a menos que ele também tenha interesses escusos de fazer um "negocinho" ou uma negociata com Deus. Ou então, por ignorância, por completo desconhecimento da Escritura. Em todos os casos, a fala do Senhor é mais do que apropriada: "O meu povo foi destruído, porque lhe faltou o conhecimento" [Os 4.6].

O fato é que Deus não se sujeita a isso. O que ele promete, está prometido, o que não prometeu, jamais prometará. Esses egoístas e interesseiros sequer conhecem a Deus. E você espera que eu tenha pena deles? É mais ou menos como os traficantes, se não houvesse o usuário, não haveria o tráfico. Se não houvesse "cristãos" olhando apenas para os seus umbigos, e desprezando o conselho do Senhor, não haveria igrejas e pastores venais. No fim das contas, é tudo farinha do mesmo saco; tanto os líderes como os liderados. A ignorância e o descaso para com a palavra não é justificativa para inocentar ninguém; pelo contrário, ele também será julgado e condenado por sua omissão, assim como os falsos líderes e mestres serão.

Dizimamos e ofertamos porque o Senhor é aquele que nos deu e dá tudo o que temos, desde a vida até o sustento dela, sempre cuidando dos seus eleitos em amor, por sua graça. Fazemos isso por gratidão e obediência, sabendo que a obediência é também uma forma de gratidão, por tudo o que ele tem nos dado, quando mereceríamos incontinentes o inferno e nada mais. Quando as pessoas dão alguma coisa procurando obter algo em troca, zombam do Senhor, e mostram a sua verdadeira face, servindo a mamom, que não é ninguém mais nem menos do que o próprio diabo: o ladrão desde sempre [Jo 10.10] [3]. O crente não só deve, mas tem o dever de sustentar a igreja. Foi o apóstolo Paulo quem afirmou em II Co 11.7-9: "Pequei, porventura, humilhando-me a mim mesmo, para que vós fôsseis exaltados, porque de graça vos anunciei o evangelho de Deus? Outras igrejas DESPOJEI eu para vos servir, recebendo delas SALÁRIO; e quando estava presente convosco, e tinha necessidade, a ninguém fui pesado. Porque os irmãos que vieram da Macedônia SUPRIRAM a minha necessidade, e em tudo me guardei de vos ser pesado, e ainda me guardarei" [grifo meu]. Paulo reprova os coríntios por não lhe terem suprido as necessidades. E de que os Macedônios e outras igrejas o fizeram. E ainda assim, ele pregou-lhes o evangelho. Ou seja, ele cumpriu o seu chamado como ministro da palavra, enquanto a igreja de Corinto não cumpriu o seu chamado de sustentá-lo financeiramente. O mesmo Paulo disse em I Tm 5.17-18: "Os presbíteros que governam BEM sejam estimados por dignos de DUPLICADA HONRA, principalmente os que trabalham na palavra e na doutrina; porque diz a Escritura: Não ligarás a boca ao boi que debulha. E: DIGNO é o obreiro do seu SALÁRIO" [grifo meu]. Se o apóstolo dos gentios não afirmou a necessidade de honrar os obreiros [presbíteros, pastores, missionários, etc com o salário, não faço a menor ideia do que ele quis dizer nesta parte da epístola.

Como pactualista, não concordo com a sua visão dispensacionalista de que o dízimo é algo circunscrito apenas à nação de Israel no A.T. Porque a Lei não tem um caráter apenas moral, de foro íntimo, mas também legal. Todos serão julgados por ela, no glorioso dia do Senhor. Se fosse assim, se houvesse uma ruptura radical ou mesmo parcial entre o AT e o NT, por que os crentes de hoje ainda cumprem os mandamentos de não mentir, furtar, matar e desobedecer aos pais? Se Cristo cumpriu toda a Lei e não é necessário que nós a cumpramos, então, tudo é-me permitido fazer, inclusive, mentir, matar, furtar, adulterar, etc. É contra esse engano que toda a Escritura, não uma parte dela, se levanta. O mesmo erro de se descontinuar os relatos testamentários, vetero e neo, foi cometido por inúmeros hereges no decorrer da história. Marcião é um exemplo. Para ele, apenas as palavras de Jesus, constando no Evangelho de Lucas, e parte do livro de Atos eram inspiradas. Da mesma forma, muitos como você pensam possível desvincular o Novo do Antigo Testamento. Então, pergunto: Com qual autoridade você foi investido para fazer isso?

Se você não está disposto a ser obediente nem grato a Deus dizimando e ofertando, o problema é seu. Nada que eu diga o demoverá dessa atitude.

Se você não confia nos líderes da sua igreja para dizimar ou ofertar, saía dela e procure uma igreja onde o dinheiro seja empregado na obra de Deus, não para o enriquecimento pessoal de ninguém.

O certo é que o padrão bíblico para o crente é dizimar e ofertar. Porém, parece-me que o autor do livro, o Dr. Gary North, está muito mais preocupado em nos revelar o caráter piedoso e fraterno da Igreja Primitiva, o qual transcende a simples discussão, quase carnal, que se desenvolve nos dias de hoje sobre a questão do dizimar ou não dizimar.

O exemplo da igreja primitiva nos leva a refletir que para nos distinguir do mundo, e para que as pessoas nos vejam como emissários de Cristo, o nosso testemunho não pode constar apenas de palavras mas também de ação; para que reconheçam-nos como sendo do Senhor, e de que as coisas velhas já passaram e tudo, realmente, se fez novidade.

A igreja primitiva demonstrou desapego ao dinheiro, de forma que se cumpriu o verso: aquele que muito tem, dele muito será exigido; e a exigência é em todos os aspectos, inclusive, financeiro. [4]

Notas:
[1] Eu mesmo me enganei por muito tempo com essa visão de que o crente neotestamentário não está obrigado a dizimar e nem mesmo ofertar, mas deve fazê-lo espontaneamente, quando quiser, tiver "sobrando" ou tiver vontade. Portanto, conheço bem o que é uma má leitura da Bíblia, pois eu mesmo a lia erradamente. Contudo, pela graça de Deus, entendo hoje que temos obrigações para com a Igreja, e Deus se agrada do servo que dá com alegria, ajudando no sustento e manutenção de sua obra aqui neste mundo.
[2] Não somente publiquei o comentário dele no meu blog de livros, como o faço, novamente, aqui.
[3] Fui alertado por um irmão que me disse: "Jo 10.10 não fala sobre o diabo, mas sobre os falsos mestres. Jesus está falando que os falsos mestres são os ladrões - 'Todos quantos vieram antes de mim são ladrões e salteadores; mas as ovelhas não os ouviram' (v.8 - ênfase minha) - e complementa dizendo: 'O ladrão não vem senão a roubar, a matar, e a destruir; eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância' (v.10 - ênfase minha)". Ele está certo; porém, ainda que o nome do diabo não esteja explícito, ele está implícito, pois é o pai de todos os mentirosos, ladrões, assassinos, etc. E os seus filhos têm por objetivo satisfazer a sua vontade, ou seja, mesmo que Cristo não esteja se referindo diretamente ao diabo na passagem [e concordo que não se refere a ele, mas a todos os falsos mestres, sacerdotes e profetas que o antecederam, e mesmo os que o precederam], chamá-lo então de ladrão é pleonasmo, redundância.
[4] Em relação ao meu comentário original, fiz algumas inclusões e pequenas alterações. E no comentário do "anônimo", foram necessárias correções ortográficas para que se fizesse inteligível.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Posso ter uma televisão em casa?

Texto por
Filipe Luiz C. Machado
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Ouso que dizer que será difícil - nos dias atuais - encontrarmos alguma casa que não tenha alguma televisão, seja na sala, no quarto ou até mesmo na cozinha. O fato que aqui precisamos abordar não é se a televisão é pecado ou não, mas se ela pode nos afastar de Cristo em decorrência do pecado por ela proporcionado.

Desejo deixar claro que o objetivo de tais motivos não é dizer que a pessoa ou família que tem uma televisão em casa é o pior dos pecadores, apenas alertar sobre os perigos de se ter tal aparelho eletrônico (assim como poderíamos falar de muitas outras coisas domésticas).

Deixo abaixo quatro bons motivos para não ser ter televisão em casa e um bom motivo para caso você queira mantê-la ainda em sua casa - pois não consigo achar muito mais que isso, haja vista muito mais perigos que ela nos oferece.

Bons para motivos para não se ter televisão.

1. Somos exortados a não colocarmos coisa má diante de nossos olhos.

"Não porei coisa má diante dos meus olhos. Odeio a obra daqueles que se desviam; não se me pegará a mim" (Sl 101.3). O salmista aqui expressa que não se achegará a coisa alguma que possa lhe ser nocivo e levar-lhe a afastar-se de Deus. Não é necessário explanarmos sobre que não havia televisão naquela época, contudo, se já nos tempos primórdios os cristãos sinceros buscavam se afastar do pecado, quanto mais nós, homens e mulheres do século vinte e um e que estamos rodeados e quase soterrados de tanta tecnologia - as vezes útil, as vezes inútil. Caso queira ler mais sobre esse versículo e seu contexto, clique aqui.

2. Devemos nos afastar de toda a aparência do mal.

"Abstende-vos de toda a aparência do mal" (1Ts 5.22). Paulo aqui está tratando e exortando os irmãos a permanecerem firmes e vigilantes em sua fé, não desejando que nenhum deles venha a perecer durante sua caminhada. De forma semelhante, também somos instados a nos afastarmos de tudo que tem mera aparência do mal. Observemos que Paulo não sugere que aqueles cristãos cheguem o mais próximo do mal que puderem, mas justamente o contrário: que fiquem o mais longe que puderem!

3. Precisamos estar em constante vigia.

"Sede sóbrios; vigiai; porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar" (1Pe 5.8). As palavras de Pedro não nos permitem titubearmos diante do mal eminente. As grandes tecnologias inventadas pelos homens, muitas vezes acrescentam apenas maiores condições para pecarmos - não que em si essas tecnologias sejam um pecado, mas a facilidade para obtermos informação e o acesso à televisão em todos os cantos do planeta, certamente podem ser armadilhas para que caiamos e pequemos contra o Deus santo - seja num filme, seja em algum comercial.

4. Nossos filhos devem ser ensinados nos caminhos do Senhor.

"Educa a criança no caminho em que deve andar; e até quando envelhecer não se desviará dele" (Pv 22.6). As sagradas escrituras nos ensinam que o método adequado para termos filhos saudáveis não é a psicologia humana ou a filosofia transcendental, mas a palavra de Deus. O presente provérbio nos diz para educarmos as crianças no caminho do Senhor e traz a promessa de que elas não se desviarão dele. Não cabe a nós julgarmos tal provérbio como inverídico, apenas porque encontramos crianças criadas dentro da igreja e que hoje estão fora. Certamente que quando a palavra de Deus é corretamente ministrada - e constantemente - ao coração da criança, Deus a fará trilhar seus santos caminhos. Ao contrário do mandamento bíblico, o que temos hoje são crianças que passam o dinheiro inteiro em frente à televisão e sequer leem a bíblia - ou a leem com raridade - antes de dormirem ou em outro momento. Os pais já quase não se sentam com as crianças e às catequizam, pelo contrário, deixam-as aproveitarem as baboseiras e frivolidades deste mundo vil.

Um bom motivo para se ter televisão.

1. Somos chamados para fazermos tudo para a glória de Deus.

"Portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus" (1Co 10.31). A bíblia é enfática ao dizer que devemos fazer tudo - sim, absolutamente tudo - para a glória de Deus. Tudo aquilo que não fazemos para glorificar o seu nome - e consequentemente sem fé - é pecado. Existem bons filmes - são raros, devemos reconhecer isso - que nos trazem deleite temporário e bons documentários que podem acrescentar mais conhecimento à nossa admiração pela complexidade do mundo criado pelo Senhor. Também a televisão nos fornece muitos jornais diários que nos informam sobre o que está se passando pelo mundo. Aqui, novamente, é necessário enfatizar que passa-se na televisão o que se quer que o povo saiba e não o que realmente acontece.

Portanto, que sejamos sábios e busquemos diligentemente a face do "criador, que é bendito eternamente. Amém" (Rm 1.25).

sábado, 2 de julho de 2011

Cego guiando cegos: quem é culpado?

Por Jorge Fernandes Isah

Eclestone perguntou[1]: "Um pastor, ou psicoterapeuta, ou mesmo uma pessoa, pode destruir espiritualmente a vida de outra pessoa pelo simples motivo de indiferença ou de conduzi-la por um caminho trevoso e tempestuoso, sem tirar da pessoa sua responsabilidade pessoal pelo que fez ou faz em sua vida?"

Eu respondi: Se entendi o que você quis dizer, o pastor ou psicólogo será responsabilizado por suas atividades, sejam conscientes ou não. A Bíblia nos exorta a não ser pedra de tropeço para alguém, nem levá-lo ao escândalo[2], e o Senhor Jesus disse, falando aos fariseus, que eles tentavam impedir de entrar no céu aqueles que estavam entrando[3]. Trocando em miúdos, quem estava entrando no céu não poderia deixar de entrar, mas os falsos mestres tentavam de todo jeito impedi-los, como mensageiros de satanás.

Muitos serão usados conscientemente, com a certeza de que estão errados e mesmos assim querem prosseguir no erro, pois realizam a obra do pai deles, o diabo, disseminando-o e levando outros aos erros. Outros pensarão que estão certos, são os impedidos de ver os próprios erros, de tal forma que os consideram acertos. Em ambos os casos, são cegos guiando cegos[4].

Por outro lado, quem os segue, seja consciente [sabendo do erro e mesmo assim assumindo-o] ou inconscientes [acreditando que o erro é o certo], são igualmente cegos sendo guiados por cegos; pois não foram diligentes nem prudentes, antes deram ouvidos ao engano, e terminarão ambos no mesmo lugar de tormento.

Tanto quem guia como quem é guiado é culpado pelos erros, sendo que o "guia" comete-o duplamente: ao se autoenganar e levar outros ao engano, sejam conscientes ou não. É impossível se transferir a responsabilidade decorrente dos erros pessoais a outros, ou melhor, a culpa pelos erros a outros. Elas somente podem ser imputadas a quem os cometeu, aos que forem praticantes do erro. Veja o caso de Adão e Eva no Éden, mesmo iludidos e enganados pela serpente, foram responsabilizados pelos seus pecados, a desobediência a Deus, e por isso, como castigo, morreram, física e espiritualmente.

Contudo, se forem eleitos, quem guia e é guiado, em determinado momento, Deus os resgatará do pecado, se arrependerão e terão as vidas restauradas, estando livres do pecado. Como o salmista diz, suas almas serão mais brancas do que a neve[5]. Se não forem eleitos, o castigo que sobrevirá sobre eles é certo e justo, e ambos pagarão por disseminar o erro e por aceitá-lo. O pecado ser-lhe-á imputado, e a punição e condenação sobrevirá sobre eles no dia do Juízo.

Notas:
[1] Eclestone é um nome fictício, mas a pergunta e a minha resposta são reais.
[2] O sentido de escândalo na Tradução Almeida Fiel, da SBTB, do texto de 1Co 8.13, é o de levar alguém ao erro, induzi-lo ao pecado, provocá-lo ao mal; o mesmo significado de "pedra de tropeço" existente na Tradução Brasileira da SBB.
[3] Mt 23.13: "Mas aí de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que fechais aos homens o reino dos céus; e nem vós entrias nem deixais entrar aos que estão entrando" [Almeida Fiel].
[4] Mt 15.14: "Deixai-os; são cegos condutores de cegos. Ora, se um cego guiar outro cego, ambos cairão na cova" [Almeida Fiel].
[5] Is 1.18: "Vinde então, e argüi-me, diz o Senhor: ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a branca lã" [Almeida Fiel]

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